Estamos vivendo tempos de grandes transformações na sociedade, e a transição demográfica acelerada é um dos motores dessa mudança, impactando diretamente as empresas e suas dinâmicas internas. Um dos movimentos mais impactantes é a redução do tamanho das famílias e a decisão de muitos casais de ter filhos mais tarde. Essa realidade joga luz sobre um tema que, embora fundamental para a sociedade, ainda é pouco valorizado: as responsabilidades de cuidado.
Historicamente associado à figura feminina, o trabalho de cuidado — que inclui zelar por crianças, idosos, pessoas doentes e cuidar da casa — ainda recai majoritariamente sobre as mulheres. Essa disparidade tem um impacto direto em suas carreiras, resultando na chamada “penalidade da maternidade”. De acordo com Claudia Goldin, Prêmio Nobel de Economia de 2023, mulheres frequentemente enfrentam um declínio salarial após o nascimento do primeiro filho.
A nova realidade do cuidado
Com o rápido envelhecimento da população, o tema do cuidado se tornará ainda mais central, exigindo não apenas políticas públicas robustas, mas também um olhar diferenciado das empresas. É crucial que as organizações ajustem suas políticas de benefícios, estruturem jornadas de trabalho mais flexíveis e tenham lideranças preparadas para lidar com os dilemas de quem tem esse tipo de responsabilidade.
No ambiente corporativo, a presença da “geração sanduíche” — pessoas que cuidam simultaneamente de filhos e pais — será cada vez maior. Além disso, o aumento de diagnósticos de autismo e outras neurodivergências adiciona uma nova camada de demandas sobre a vida pessoal de muitas famílias.
Cuidado e segurança psicológica estarão cada vez mais relacionados.
Humanização e alta performance andam juntas
Em tempos de busca por lideranças e ambientes de trabalho mais humanizados, olhar para a questão do cuidado não é mais uma opção; é mandatório. Afinal, cuidar é um dos pilares da essência humana e o principal fator para o equilíbrio entre vida e trabalho.
A alta performance não se resume ao trabalho; ela abrange a vida. Ignorar as responsabilidades e desafios pessoais de um colaborador é ignorar uma parte essencial do que o motiva e o mantém produtivo.
Para aprofundar a discussão sobre este e outros temas que moldam o presente e o futuro do trabalho, venha para o 15º Fórum de Gestão de Pessoas da ARH Serrana.
Juliano Colombo
Executivo, palestrante e empreendedor
Juliano Colombo é Pai, inquieto, transformador e acredita na liderança humanizada como forma de entregar resultados sustentáveis. Profissional com formação nas áreas de Gestão, Marketing e Finanças, com mais de 25 anos de experiência em gestão de equipes multidisciplinares e implantação de projetos de alto impacto nas áreas de saúde e educação. Liderou programas de inovação e transformação social, sendo por 10 anos Superintendente do SESI no Rio Grande do Sul